Saturday 29 November 2008

sentir o mar ... em nós






sentir em nós

uma razão

para não ficarmos sós

e nesse abraço forte

sentir o mar

como quem sonha sempre navegar




com a vida a navegar por entre o sonho e a mágoa

talvez no mar

eu feita espuma encontre o sal do teu olhar



...








tão longe do meu mar e tão longe de sentir o teu olhar

perdida

entre a vontade de viver o que está perto quando se olha de longe

e a vontade de sentir o aconchego das certezas de sempre


será a nostalgia do que não se vive um preço demasiado elevado?


visto ao longe é tudo tão diferente...
















incomoda-me o aquecimento excessivo e a solicitude a despropósito

anulados pelo frio cortante quando se põe o nariz de fora e pela inexistência de tudo aquilo que me faz falta


tudo tão fora do meu mundo


ou apenas eu fora deste mundo

ou apenas a eterna dualidade entre querer partir e querer voltar


mas também o deslumbramento da não pertença


o anonimato


e o jogo da distância distorcido por cumplicidades fortuitas


olhares que se cruzam e aproximam, forjados em identidades aparentes de quem vive o mesmo nonsense




O que se deseja aqui também se deseja quando anulados os milhares de km de distância?









proibições, aqui como ali

aqui com gargalhadas que se cruzam

com olhares que entram no olhar

com sabor a impunidade

com um encolher de ombros

olha-se o momento









Friday 21 November 2008

lost (?!) in translation ...



afinal qual é a atracção?

o romance entre aquele homem e aquela mulher?

ou será o encanto de poder acontecer um romance forte entre duas pessoas, fora do tempo, fora do futuro, em fases tão distantas da vida, apenas num hotel num país distante?



o que torna isto tão forte?


nostalgia do que não se viveu?

Wednesday 12 November 2008

há quanto tempo

"…

Esboçou um sorriso por, ..., ter a noção de estar lúcida e perceber até que ponto o sonho e a fantasia a faziam andar para a frente e enfrentar obstáculos que a outros poderiam parecer intransponíveis. Sonhos e fantasias que, nas suas mãos perseverantes e crentes, muitas vezes se tornavam realidade.


– O tempo e Serpa curam tudo. Sobretudo Serpa, que só por si significa tempo. A impaciência é o único mal que nos tira a paz. Às vezes é preciso parar para sabermos onde estamos e o que queremos de nós mesmos. Só depois podemos voltar a partir –


Repentinamente deu-se conta de que estava intacta e que os outros se tinham esfumado ao longo da estrada que sempre a conduzira ao agradável torpor do regresso ao seu mundo. Só se interrogava como pudera duvidar que o milagre se iria, mais uma vez, repetir.

…”