sentir em nós
uma razão
para não ficarmos sós
e nesse abraço forte
sentir o mar
como quem sonha sempre navegar
com a vida a navegar por entre o sonho e a mágoa
talvez no mar
eu feita espuma encontre o sal do teu olhar
...
tão longe do meu mar e tão longe de sentir o teu olhar
perdida
entre a vontade de viver o que está perto quando se olha de longe
e a vontade de sentir o aconchego das certezas de sempre
será a nostalgia do que não se vive um preço demasiado elevado?
visto ao longe é tudo tão diferente...
incomoda-me o aquecimento excessivo e a solicitude a despropósito
anulados pelo frio cortante quando se põe o nariz de fora e pela inexistência de tudo aquilo que me faz falta
tudo tão fora do meu mundo
ou apenas eu fora deste mundo
ou apenas a eterna dualidade entre querer partir e querer voltar
mas também o deslumbramento da não pertença
o anonimato
e o jogo da distância distorcido por cumplicidades fortuitas
olhares que se cruzam e aproximam, forjados em identidades aparentes de quem vive o mesmo nonsense
O que se deseja aqui também se deseja quando anulados os milhares de km de distância?
proibições, aqui como ali
aqui com gargalhadas que se cruzam
com olhares que entram no olhar
com sabor a impunidade
com um encolher de ombros
olha-se o momento